20071227
Noite Feliz
O que parece ser uma composição meio absurda de árvore de natal, bolas de natal, presente, laço e uma Fada do Panetone é, na verdade um pretexto para você juntar as indicações A e B - na versão impressa é mais fácil do que dobrar o monitor. Porém, dobrando, você tem essa imagem:
Um Papai Noel de monóculo. É uma homenagem às dobradinhas MAD, só para dar uma função a mais para um cartão de Natal, como uma brincadeira mesmo.
Não consegui terminar a tempo de entregar a versão impressa para todo mundo para quem eu queria enviar o cartão e meio que aprendi a lição: Ano que vem, começo o cartão no final de novembro, ainda que em novembro do ano que vem eu vou estar surtando com a entrega ou a apresentação do meu TCC. Na véspera de Natal escrevi os cartões que eu entregaria à minha família, que já estavam devidamente impressos porém, escrevi com uma daquelas canetas comuns de desenho e como eu imprimi em um papel fotográfico mesmo para conseguir entregar o cartão (Ainda bem que existe a Fotóptica!) a tinta não secava, ficava meio assim então, à meia-noite houve a tradicional ceia e troca de presentes porém, os cartões estavam no meu quarto, secando.
Comi e passei uma agradável madrugada de Natal em New Jersey. No dia 25, à noite, enviaria os cartões às demais pessoas. Porém, enviei o cartão para cada uma das pessoas por e-mail, assim, como aqui, nas duas versões e a explicação. Acho meio escroto aqueles scraps automáticos porque tem quase tanto valor quanto os e-mails que as lojas virtuais te mandam no Natal. Ou seja, muito impessoal, é como se a pessoa dissesse "Olha só, é Natal e tudo mas me faça um favor, tenho muito mais o que fazer e estou cagando pra essa putaria toda mas quero manter um certo círculo de amizades". E além dos meus amigos mais antigos e das pessoas que conheci esse ano, tinha um grupo grande de pessoas que trabalharam comigo no Sesc na exposição Loucos por Cinema que são todos muito queridos também! Aí eu fui enviando os e-mails pelo meu catálogo de contatos do Thunderbird, além de alguns de Orkut e, depois de muito cartões enviados já era 23h e a minha irmã veio aqui.
Carol: Mé, posso ver o meu e-mail?
Eu: Pode sim, tô enviando esse cartão aqui, acho que já é o último!
Carol: Você ainda tá enviando os cartões? Mandou um pra mim?
Eu: Não, né! O seu eu entreguei em mãos!
Carol: Hm... Não... Não entregou não!
Eu: Sério?
Carol: Sério.
Eu: Puta merda! Esqueci os cartões secando lá em cima!
Subi ao meu quarto. Lá estavam os cartões, em um canto. A tinta secou mas borrou tudo. Estava ilegível e castanho. Traduzi os cartões, reescrevendo-os em novos cartões. Entreguei à minha família em meio a explicações e pronto. Eu tinha que quase estragar tudo no Natal, como eu sempre faço.
Estava tudo resolvido. Até, obviamente, nesse momento, dia vinte e sete de dezembro eu me dar conta de que eu não enviei o e-mail de Natal para o pessoal do Loucos por Cinema porque eles estavam numa parte não comum do catálogo de endereços mas numa parte específica, num grupo chamado "Loucos Por Cinema".
Sutil.
20071216
Meu amigo flexível
Certo dia, noto que perdi o cartão grande. Provavelmente, estaria em meio às minhas coisas, em meu quarto. Não sou uma pessoa que seria chamada de "organizada" - obviamente organização é uma questão de ponto de vista porque para mim, como para qualquer desorganizado do mundo (Uni-vos!) há uma organização que obedece regras internas e pessoais. Eu só começo a me preocupar quando as coisas desaparecem e eu não faço a menor idéia de onde elas estejam. Ou quando as pilhas de organização começam a atrapalhar a passagem. Então, eu estava no meio de um projeto da faculdade e fazendo um estágio durante esse semestre o que me impossibilitava de
a) arrumar o quarto porque eu estava ocupado e cansado demais nos poucos momentos livres que surgiam; e
b) sem o meu cartão de crédito/débito.
Ainda bem que ainda possuía o tal minicard. Não me permitia sacar dinheiro nos caixas por aí, só na boca do caixa, após aquelas filas desumanas de gente com problemas realmente impossíveis de serem resolvidos no caixa rápido. Como o meu estágio ocupava basicamente o horário útil de um banco, era raro eu ter dinheiro em mãos. Só comia ou bebia ou comprava ou freqüentava lugares que aceitassem Visa. Não, meu senhor, não é crédito não, é débito mesmo, é que eu perdi o cartão comum e não consigo sacar dinheiro mas eu tenho algum dinheiro em conta. Repeti essa desculpa inúmeras vezes, quase um mantra, uma explicação meio boba mas para mim, importante, porque às vezes o valor da compra era relativamente baixo e voilà, não tinha papel ou moeda que cobrisse isso. Mas esse dinheiro numeral e eletrônico tava lá.
O minicard também me permitia utilizar a função crédito, online ou em lojas quaisquer, o que era bom para presentes e compras pessoais. Pretendia comprar assim alguns presentes de Natal, hoje ou amanhã, para chegar no decorrer dessa semana, preferencialmente antes do Natal. Não seria nada dispendioso. O estágio acabou, estou meio quebrado por hora mas Natal é Natal! Além disso, tem uma meia dúzia de filmes que eu quero ver e com a promoção dos 3r$ para estudantes em alguns cinemas de São Paulo seria uma pechincha! Ainda bem que cinema aceita débito.
Não tinha efetivamente cancelado meu cartão porque imaginava que estava perdido no meu quarto. Estava no meio dos processos da faculdade, com gastos eventuais e importantíssimos para o desenvolvimentos dos trabalhos e compra de materiais realmente necessários. Seria fácil, arrumaria meu quarto, acharia o cartão e ficaria tudo bem, sem transtornos.
Ontem, de repente, comecei a arrumar meu quarto à maneira clássica. Minha arrumação costuma ser lenta, eu não seria um bom diarista se diaristas-homens fossem comuns. Sou de baixíssima produtividade porque quando eu arrumo as minhas coisas, funciona como uma viagem no tempo, um regresso a dias passados, um grande e bonito flashback. Leio papéis e anotações, faço organizações temáticas, cromáticas, de texturas e momentos. É um processo cansativo mas gratificante. Depois, começo a colocar cada grupo ou momento em seus lugares, a arrumação devida. Quando já tinha passado por todos os cantos do meu quarto e olhado em todos os blocos de papel, livros, revistas, anotações, desenhos, rascunhos, panfletos, post-its, caixas e pacotes, pensei
"pomba, perdi o cartão mesmo".
Impulsivamente agarrei o minicard e liguei correndo para o Real Cartões para cancelar o cartão atual e pedir o outro. Fui atendido pela Daiana, moça simpática que confirmou meus dados para minha segurança e me pergunta
"quando o cartão foi perdido? Hoje mesmo?"
"Ahm... Dei pela perda ainda agora mas ele já tá desaparecido há algumas semanas, acho que um mês", o que é mentira. Faz bem mais que isso mas me senti constrangido em falar que estava sem o cartão há tanto tempo porque não tinha olhado no meu quarto ainda.
"Certo, senhor. Então, com o cancelamento do cartão atual, naturalmente o senhor quer uma nova via do cartão, não?"
"Isso! Preciso de um cartão novo, por favor"
"Sim, só um instante"
...
"Senhor, o seu cartão já está cancelado e em até sete dias úteis você receberá em seu endereço uma nova via do seu cartão!"
"E do minicard também?"
"Sim, senhor. Do minicard também. Note que a partir de agora o minicard que o senhor já possui não irá mais funcionar"
"Ah, tudo bem! Obrigado! Feliz Natal!"
"Obrigada, feliz Natal também! Boas festas!"
Desliguei o telefone com um sorriso natalino no rosto, aquele sorriso meio bobo de boas festas que você ostenta após esse tipo de cordialidade. Pensei "Puxa, que moça simpática!" e tornei para arrumar o quarto. Minutos depois, o estalo:
O cartão tá cancelado, o maldito cartão tá cancelado, o que inclui o minicard. Caralho, caralho! Como eu sou idiota! Como é que eu vou comprar os presentes de Natal? Como? Hm... posso sacar dinheiro ou, se comprar online, boleto bancário. Demora um monte e é uma provação de paciência mas vale a pena... ufa. E como em lojas virtuais os descontos compensam um monte, saindo mais barato que em lojas físicas e com frete grátis em todo lugar, compensa muito mais. Preguiça de encarar lojas cheias na semana antes do Natal. E o cinema? Meu deus! O cinema! O que eu faço com o cinema? Vou ter que sacar o dinheiro, de qualquer maneira, não tem jeito.
Aí, notei como eu sou cretino e ansioso. Poderia ter esperado mais três dias para cancelar o cartão, comprar o que eu tinha para comprar e ver meus filmes mas não. Liguei, cancelei e me fodi.
Agora, cartão de crédito só em sete dias úteis.
20071213
Papai Noel?!
Minha mãe é professora em uma escola pública. Essa semana, ela chegou em casa suspirando e depois, ela grita do alto das escadas "Filho, quer ser o papai noel da escola sexta-feira?". "Ser o papai noel?", eu perguntei. "É, precisamos de alguém para se vestir de papai noel lá na escola!"; "Se eu aceitasse, o que eu teria de fazer?" e ela me disse "Ah, é só conversar com as crianças, distribuir livros, essas coisas. Nós mesmos distribuiríamos os livros mas aí surgiu a idéia do Papai Noel fazer isso!"
Um silêncio curto.
"Livros, né? Eu vou distribuir livros para elas, certo?"
"Isso. Livros."
Então hoje minha mãe me trouxe a roupa de Papai Noel para eu experimentar.
Amanhã, debuto.
A ver.
20071206
Matemática
Traga para o Brasil.
Daí, fica assim:
Posso até ouvir o diálogo na Warner:
Pessoa 1: "Ah, mas pra que tantos discos?! Vamos colocar em três só!"
Pessoa 2: "É, fica mais bonito ó: Um disco vermelho, um amarelo e um azul. Não entendo ter um disco verde e um roxo!"
Pessoa 1: "Cara... São as cores primárias! Nada ver botar o verde e o roxo. Sabe... Elas são secundárias!"
Pessoa 2: "Faz todo o sentido! Bora lançar essa edição tripla!"
Só para relembrar, lá fora há a edição com dois, quatro e cinco discos. A última é a que vem na maleta. Aqui, há apenas uma edição tripla. Aparentemente, tirando o número de discos (E a foto de divulgação mais magra), não perdemos nada de brinde:
DVD Triplo + Maleta Exclusiva
Contém:
- Imagem holográfica do filme
- Coleção de imagens do filme
- Carro (spinner car)
- Unicórnio
Ah, claro. Lá fora também tem uma carta do Sir Ridley Scott mas, para isso eu estou cagando. O que me incomoda é ter um edição recapeada sem os benditos extras que estão nos dois discos que faltam. O que seria realmente um motivo interessante para comprar essa maleta. Mas a Warner, sempre competente e ligada no mercado coloca a mesmíssima edição tripla por 60r$ no mercado contra os 300r$ cobrados pela maleta, um unicórnio de Origami, um carrinho de plástico e meia dúzia de fotografias.
A parte boa é que como essa edição fresca vai atolar no mercado, ano que vem vai dar pra encontrar por um precinho camarada por aí. Ou ainda aguardar a edição de cinco discos ser lançada. Ou importar a edição de cinco discos norte-americana.
Pomba, o disco quatro é cheio de "featurettes" e o quinto tem aquela "Workprint Version", a versão "Radicalmente diferente". Enfim, lançarão uma Edição Especial Definitiva sem dois discos, incluindo outra versão do filme. Não parece muito definitivo pra mim.
Vai ver não colocaram porque não souberam como traduzir "Workprint Version"
Pessoa 1: "V-V-Vo-Vorquiprinte Verssom? Ixi... Corta, corta."
20071204
Seis da madrugada
Não. Na verdade, neste exato momento, terminei o último projeto do semestre. Claro, faltam alguns detalhes aqui e ali porém, a parte realmente pesada já foi.
O dia tá amanhecendo e já repousa aquela gelada penugem invisível sobre mim. É sempre assim, fico batendo dentes de maneira ridícula até eu finalmente dormir.
Finalmente, dormir.
20071116
"Planet Earth (I saw enough to make me cry on)"
O maior problema do Kasabian foi ter vindo depois do Devo. O Devo fez um show extremamente divertido, energético, fora de controle, imprevisível, lindo. Não cantaram Planet Earth como o título deste post implica ou como seria muito conveniente, dado o nome do evento mas cantaram muitas, muitas outras canções que todos queriam ouvir.
Há muitas outras músicas que deveriam ter entrado, é claro. Mas eles fizeram um show de uma hora e tantos minutos, lá pelos idos de uma hora e quinze minutos. Longo para um festival com muitas outras bandas mas curto para uma banda como o Devo de tantas músicas boas.
Retomando a comparação com o Kasabian, o problema foi ter visto senhores nos seus 60 anos pular e fazer um show com tanta energia, emoção e preocupação minutos antes de uma banda de rapazes muito mais jovens entrar, se colocar no palco, cantar e se limitar a gritar "Let me see your hands, Sao Paulooo" de tempos em tempos quando muito colocando as mãos para o alto também. Experiência de palco e etc, claro, faz diferença. Mas o problema é: Se você é apático uma vez, será sempre apático. E falando nisso, o show dos Strokes aqui, em 2005, uma das bandas responsáveis pelo "retorno do apático ao rock" fez um show que muitos reclamaram da altura do som (De onde eu estava o volume estava ótimo!) mas que mostrou que ser apático ou pouco empolgado ao palco pode muito bem ser um estilo e a base de um show extremamente divertido. O Kasabian pareceu apático a suas músicas, como quem não crê muito no que faz. Foi desconfortável.
O Devo, por sua vez, brincou o tempo todo, conversou com o público, cantou, tocou, dançou. E o público, juntamente, cantou, dançou, gritou. Na terceira música eu já não tinha voz. Arrancava ganidos da garganta para saudar aquela banda que mostrava para essa nossa geração que música boa é música com alma. Que ter ideologia e visão crítica não é ser chato ou niilista. O Devo falou da floresta amazônica, durante o show. Provou teorias ("How many people tonight. The De-Evolution is real!" com a resposta de um massivo e sonoro IIÉÉÉÉÉÉ!, inclusive de mim) e mostrou como suas músicas ficam ainda melhores ao vivo!
Em um dos exemplos mais divertidos, para mim, foi durante a canção Jocko Homo. A canção por si só já é genial quando diz coisas como "God made man but he used the monkey to do it. Apes in the plan, we're all here to prove it: I can walk like an ape, talk like an ape, I can do what a monkey can do. God made man but a monkey supplied the glue" mas no seu bordão é que as coisas pegam fogo. Basicamente, a banda faz uma pergunta e todos respondem em coro. "Are we not men? We are devo!", repetidas vezes, com variações silábicas. E assim foi no show, are we not men, we are devo, are we not men, d-e-v-o, are we not men, we are devo... Dado momento, continuando a canção, ao invés de Mark Mothersbaugh perguntar de novo "are we not men?", ele fez sons de macaco. E todos fizeram sons de macaco, repetindo. Duas, três vezes, aos berros. Parecia um culto, totalmente hipnótico, com pessoas gritando em resposta ao pastor. Já falei que foi incrível?
As fotos que eu tirei ficaram com a duvidosa qualidade que se espera de um celular com câmera fotográfica. Gravei alguns pedaços de áudio e até um trechinho de vídeo durante "Peek-a-Boo", a segunda canção. Boas fotos podem ser vistas no site do festival e até vídeos das canções, o que comprovará muito do que eu disse aqui.
O show do Devo encabeça, juntamente ao show do Iggy Pop e os Stooges, ocorrido no Claro Q É Rock, em 2005, como os melhores shows que eu já tive a oportunidade de ver. Agora, coincidência ou não, ambas bandas são bandas bem mais antigas do que a média que faz shows por aqui (E das que eu já vi) o que pode ou não ser uma espécie de "sinal dos tempos". Não costumo me perder em sessões de nostalgia ou sequer reclamo de bandas ou músicas novas. Mas tou pra ver uma banda mais recente que consiga fazer um show tão empolgante quanto o Devo ou o Iggy com os Stooges (The Hives, espero por vocês!).
20071110
Planeta Terra
Hoje à noite acontece o Planeta Terra, do portal Terra. De fato, provavelmente já começou. Eu vou chegar um pouco mais tarde, pretendo ver o Devo.
Porém, e isso tenho certeza, o festival fez com que muitos interessados sentirem-se estúpidos ao fazer uma busca no Google pois, quando o festival foi anunciado, todos perceberam como o nome do festival é, não por coincidência, intimamente ligado ao planeta Terra em que moramos.
Atualmente, graças às tecnologias de magia negra e page clicks do Google, o Planeta Terra (festival) vem listado antes do Planeta Terra (mundo).
Depois, impressões, aqui
20071109
"Planeta Terror"
Não sei bem o que dizer ainda. Saí do cinema com uma impressão desagradável, de filmete medíocre. Honestamente, os filmes do Robert Rodriguez geralmente me deixam com essa impressão. Sin City eu achei uma bobagem, muito quadrinho e pouco cinema. E analisando agora, Planeta Terror sofre de um mesmo mal: O estilo se sobrepõe ao conteúdo. Em Sin City, o estilo incrivelmente fiel aos quadrinhos foi seu único mérito e seu grande defeito. Quadrinhos não são cinema e vice-versa. Cada mídia tem suas características próprias e a narrativa de uma nem sempre se encaixa exatamente na outra. Em Planeta Terror isso não precisaria ser um problema uma vez que é um filme que homenageia tantos outros, ou seja, tá tudo já meio que pronto.
Mas Robert Rodriguez conseguiu inclusive diminuir o gênero em algo raso e pouco interessante. Quando li uma primeira crítica do filme, citaram A Noite dos Mortos Vivos. Citaram que Planeta Terror não vai além disso e etc. O que prova ser uma besteira gigantesca. O filme sequer se aproxima do filme do Romero. Novamente, o estilo se sobrepôs ao conteúdo: Houve tamanha preocupação com como os filmes pareciam naquela época, como eram os enquadramentos e os travellings, as cores, a sujeira na película, as falhas aqui e ali, a música, enfim, tudo o que caracterizaria um filme mais do tipo B que o filme em si soa menos interessante. O problema é que toda a estética adotada funciona, e funciona muito bem, nos primeiros minutos de filme. É divertido ver as manchas aqui e ali, o trailer falso em som tipo Mono exibido antes do filme, os movimentos desnecessários, as atuações excessivas de alguns coadjuvantes, o gore e sangue extremamente falsos e muito divertidos. Porém, passados esses minutos iniciais, a novidade acaba, para nós. Mas não para Robert Rodriguez. Para Robert Rodriguez isso nunca é demais. E o filme se encerra nisso.
Daí, com exceção disso, tudo fica meio assim, com clima de displicência, pouco caso mesmo. O ritmo do filme é irregular e o mais assustador do filme foi o fato de eu ter notado que em muitos momentos eu estava entediado no cinema. Durante um filme de zumbis e ação. Considerando como eu aprecio filmes de zumbis - tanto os lentos como os rápidos - e como eu esperava por esse filme, achei estranho.
Pomba, até meu desktop tá com o papel de parede do Planeta Terror:
Daí entra aquela questão: "Oras, você estava ansioso, com expectativas em alta e elas não foram supridas, acontece". O problema é que minha única expectativa era me divertir e ver sangue falso e algumas explosões na tela. Por esse lado, realmente, foi tudo ok mas o problema do filme é esse ritmo irregular, mesmo. E como lida com muitos personagens o tempo todo, sem nenhuma profundidade ou sutilezas, você freqüentemente se pergunta por que diabos eles cortou a história ali e mudou para o outro personagem ou coisa do gênero. Ironicamente, essa cartilha de corte + corte + corte = filme dinâmico não funcionou, e o filme dependia muito disso. Aí a história parece estar sempre perdendo o foco, o que o faz perder o foco, por conseqüência.
Apesar de tudo, o filme não é uma merda. É um médio-bom, no máximo. Não acho que o filme recrie os filmes dos gêneros apresentados com tanta fidelidade mas sequer consegue encontrar sua própria voz. Um colega me disse que "O filme não quer ensinar nada, só quer divertir e para isso, ele o faz com louvor". Não esperava lições de vida em um filme chamado Planeta Terror nem acho que um filme precisa ensinar algo para ter algum valor. A mensagem do filme é clara e pouco aproveitada, eu acredito. Vale a pena por algumas seqüências muito boas e muito divertidas mas a impressão geral não é tão divertida. Com Kill Bill Vol. 1, que também se propõe a divertir somente, eu saí do cinema andando nas nuvens. Repeti a dose no cinema, na época tinha o filme gravado em um porco VCD (Duplo!) e atualmente o possuo em DVD. E continuo achando extremamente divertido e sensacional. Não sei se com o passar do tempo eu vou acabar gostando mais de Planeta Terror. No cinema não pretendo rever, certamente. Um lançamento em DVD ganha minha locação, já. Pode ser que no televisor tudo pareça mais interessante, quem sabe?
Agora é só aguardar o lançamento de À Prova de Morte, do Tarantino que todo mundo que já viu, crítico de cinema ou não, diz que é melhor e etc. Eu aguardava com mais interesse para assistir ao Planeta Terror, por causa do tema tão apetitoso ainda que sempre tive meus problemas com o Rodriguez. No momento, em questão de expectativas, eu diria que há um empate.
20071107
Como as coisas funcionam!
Na página 4, uma das mais úteis, o site apresenta dicas para o "Zombie Self-Defense" e como evitar os erros mais comuns.
Entre os erros, o mais justo: Deixar sentimentos e argumentos ficarem na frente da sua sobrevivência.
Aliás, todos os artigos do dito "Canal Sobrenatural" do site são incríveis, ainda que não tenha lido todos ainda. Os títulos vão desde "Os animais podem pressentir a morte?" até o Chupacabras, além de como o Déja Vu, Mummies e Nirvana funcionam, o que deve ser interessante para essa moçada que tá a fim de montar uma banda grunge ou uma dupla meio merda brasileira.
20070907
Ah... o velho jogo da sedução!
Assunto: é chegar e pegar a mulherada. batata!!!
Data: Fri, 7 Sep 2007 04:11:49 -0300
De: carla [carla@promovend.net]
Responder a: carla [carla@promovend.net]
Para: [captdimitri@yahoo.com.br]
Se vc quer chegar pegar a mulherada esta é sua vez.
O perfume Apaixonante e batata, é passar e a mulherada
fica doida. Só passo o site prá quem está interessado, ok?
É UMA FACA DE DOIS GUMES pra mulher conquistar homens, e duas gotinha no pescoço e deixar
o cara babando... é tira e queda. O site é este http://www.comprafacilja.com
Batata ou não, eu não clicaria no link se eu fósse vc, ok?
20070905
O melhor sanduíche da história
É incrível como é delicioso. E quase mortal. De acordo com esse artigo na Wikipedia, o quádruplo, composto de quatro hamburgeres e oito fatias de bacon tem 1000 calorias, 240mg de colesterol, 1800mg de sódio e 3g de gordura do tipo trans. Nesse artigo sobre gordura trans, dizem que o recomendável é consumir até 2g de gordura trans por dia, e o consumo excessivo aumenta as chances de aparecer "a placa de gordura no interior de veias e artérias, que pode causar infarto ou derrame cerebral".
Não sei se a versão brasileira tem as mesmas características nutricionais. No fundo, eu realmente não me importo, eu só procurava o número certo de bacons que o BK Stacker tem, via de regra. E esse número é oito. Deliciosamente mortal ou mortalmente delicioso? Eu diria, se me permite licença poética, que é deliciosamente delicioso.
Se você come carne e, como eu, não acredita em gordura trans, deus, coma esse sanduíche. Se você acredita na marvada, recomendo comer pra entender como a gordura trans melhora a sua comida.
Sei que isso soa muito como propaganda mas é que eu fiquei tão feliz, um tanto emocionado até, em encontrar um cheese bacon tão farto e saboroso que estou, informalmente declarando o fim do "Circuito X-Bacon". Não quero me antecipar mas agora, duvido muito que outro sanduíche me impressonará tanto. Pomba, assim que eu peguei o sanduíche e dei a primeira mordida, logo senti o bacon crocante e no ponto. O delicioso hamburger da Burker King, grelhado. E cãibra no maxilar.
Francamente, ao comer o sanduíche você entende o que é a cãibra. É um sinal de que deus quer espalhar a sua palavra através de deliciosas oito fatias de bacon.
OBS: A foto do sanduíche na Wikipédia está um horror. Desconsidere-a. O que eu comi, pelo menos, era melhor do que a foto de divulgação que eu postei aqui, no duro mesmo!
20070903
Blade Runner - The Final Cut
Exibido pelo Ridley Scott no sábado, durante o 64º Festival Internacional de Veneza, mais uma montagem do filme Blade Runner que, de acordo com o diretor, "esse sim é 'Blade Runner' como eu o havia imaginado".
Por um lado, acho a atitude interessante. Afinal, a obra é dele, e ele a manipula como quiser. Se você não gostar, ignore-a ou faça você mesmo um novo "Blade Runner", oras. Por outro, não gosto tanto dessas alterações de obras consagradas, atualizações de toda forma. Aprecio restaurações, definitivamente. Isso deveria acontecer até com maior freqüência, para preservar as obras. Mas essas alterações acabam, pra mim, rompendo com a beleza errada de um filme de um diretor inexperiente, um filme que simplesmente simboliza aquele período da vida dele e do mundo, de forma geral.
Na realidade, isso dificilmente se caracterizaria um problema, uma vez que considero o primeiro lado, acima de tudo. Porém, o caso de "Blade Runner" retringe a propriedade intelectual da versão original uma vez que, após o lançado da "Versão do Diretor" em 1992, a versão original (Existem duas: A "Versão de Cinema" e a "Versão Internacional") tornou-se rara. Aliás, quase que impossível. Fitas VHS antigas, que você encontra por aí geralmente já são da versão do diretor. Os DVDs, o mesmo problema. Consegui ver a "Versão de Cinema" apenas após baixar o filme em Divx, apenas. A "Versão Internacional", se é que há tanta diferença assim, nunca vi. Com isso, a sensação que fica é que o Ridley Scott não apenas faz alterações da sua obra mas nega o passado dela, o que é um erro tremendo.
O problema todo, dizem, é que como em 1982 ele estourou o orçamento do filme, editaram "Blade Runner" sem a participação do Ridley Scott. Em 1992, para redimir o problema, Ridley Scott lançaria a dita "Versão do Diretor", contudo, novamente disse que o apressaram, etc, etc, etc, não foi dessa vez. Essa "Montagem Final" começou a ser feita em 2000 e não foi lançada antes por problemas judiciais até que, ano passado, foi relançada a "Versão do Diretor" em DVD - naquela caixa vermelha bacanuda e agora, no aniversário de 25 anos da versão original, essa "Final Cut" "será projetada em salas de Nova York e de Los Angeles em 5 de outubro, e depois será distribuído em todo os Estados Unidos a partir de 18 de dezembro".
Essa distribuição a partir de dezembro será através de DVD (E nas recentes HD-DVD e Blue-Ray) e é aqui que a coisa fica interessante. Haverá uma versão dupla da "Final Cut":
Uma versão quádrupla com todas as versões existentes incluindo a "Final Cut":
E por fim, uma edição ultra especial com cinco discos e um monte de frescuras como um unicórnio em Origami, um documentário de três horas e meia, fotografias e etc, além de um outra versão ainda, a "Versão Workprint", que dizem ser a "mais radicalmente diferente" - a conferir:
(Há um comentário no Amazon.com que detalha os Extras da versão)
Ficam as dúvidas em relação ao lançamento disso aqui no Brasil. Acho improvável - mas não impossível - o lançamento nos cinemas daqui, nem que seja em um ou dois. E o lançamento em DVD, honestamente, adoraria ver a versão da maleta e cinco discos mas acho mais provável a edição de quatro discos ou mesmo a de cinco discos em caixa, enfim. A Warner, aqui no Brasil, não tem sido muito generosa. Por exemplo, vende os filmes do Kubrick, daquela coleção de caixas brancas, ultimamente a um preço consideravelmente baixo o que indica que poderiam lançar as edições duplas e especiais de alguns desses filmes ("2001 - Uma Odisséia no Espaço", "Laranja Mecânica" e "O Iluminado" já são possíveis de comprar em pré-venda, com lançamento em outubro, lá fora) mas não há nenhum anúncio do tipo, por aqui. Freqüentemente esse tipo de coisa simplesmente não chega aqui ou chega com limitações.
Lá, nos Estados Unidos, duas edições especiais de "O Mágico de Oz" foram lançadas. A dupla e a tripla. A diferença ficava no tipo de embalagem, mais extras na edição tripla além de bobices como 9 fotos, uma reprodução do ingresso da estréia do filme, um livreto, esse tipo de coisa que todos adoramos. Aqui no Brasil só foi lançada a edição tripla, que apesar de parecer limitante, é compreensível, pelo menos lançaram a melhor versão. Os extras, nos discos, todos intactos e legendados, o que é ainda pouco usual, aliás. Porém, das nove fotos, apenas cinco figuram na embalagem tupiniquim, e só. Nada de livreto ou ingresso. Ainda assim, considero um lançamento de extrema qualidade, considerando o mercado brasileiro de DVDs, de maneira geral e da minha coleção pessoal, é dos que tenho mais orgulho.
De volta ao "Blade Runner", mesmo que vier sem os extras físicos - unicórnio de origami, fotografias e etc - já ficaria extremamente feliz de um lançamento competente, e legendado, do filme, com os cinco discos. O legal seria a um preço acessível, afinal, lá está sendo vendido a US$55. Claro, nesse aspecto já não tenho nenhuma esperança mas em relação a uma edição decente, por que não?
20070825
O Destino de Poseidon
20070824
Acabou o drama
Aparentemente meu amigo roedor leu o relato aqui ontem e enfim, entregou-se.
Hoje pela manhã foi encontrado, semi-morto. Acho que o veneno deu certo no final das contas ou de fato, convenci o rato, modéstia à parte.
Aliás, após vê-lo, entendi o porquê da ratoeira não tê-lo beliscado e pouco tinha a ver com possessões ou Ratos-Aranhas: Ele era realmente minúsculo, sequer tinha peso pra ativar aquela geringonça.
Alguém quer comprar duas ratoeiras, semi-novas?
20070823
Ra·ta·tui
A descrição, sempre entusiasta, nos diz que "para garantir que o rato coma a isca, Mortein Rodasol é preparada com ingredientes que os roedores gostam, sendo muito atrativas para eles" e que "a maioria das mortes ocorrerá entre 5 a 7 dias após o consumo das iscas" e além disso, intuitivamente "os ratos se afastarão da casa para morrer". Você não abre o pacote, você o deixa em locais estratégicos e como tem ingredientes que nenhum rato dispensaria, ele roerá o pacote, comerá o veneno, sentirá as dores da morte e possivelmente deixará sua casa para morrer em Paris ou ver a família uma vez que seu destino está selado. Apesar de toda a poesia da coisa, e eu tinha lá minhas esperanças no negócio, dia após dia deparávamo-nos com as frustrantes embalagens imaculadas, sem o menor sinal de contato de nosso pequeno amigo, o que, convenientemente denota que o rato aqui tem um paladar diferente do que os tantos para os quais aquele fast-food seria um tremendo banquete.
Nesse meio tempo, em algumas poucas ocasiões, sentado aqui, me deparei com o rato. Duas foram claras: Ele passou por mim e entrou em um armário que fica na altura do chão ao passo que, eu, corajosamente, corri atrás e coloquei um saco de ração de 20KG contra a porta do armário. É um rato muito pequeno, cinzento, cauda longa e passo apressado. O outro momento deu-se instantes depois, quando o rato veio correndo em minha direção, vindo do mesmo lugar, com saco de ração e tudo, quando eu impulsivamente me mexi na cadeira, dei com os joelhos na mesa do computador e com o estrondo causado, o rato virou as costas e voltou para seu esconderijo.
Já defendia a idéia de uma ratoeira aqui em casa por razões meramente estéticas, admito. Desde criança, meu único contato com ratos em casa deu-se com os incontáveis hamsters que tive, todos com o aval de animal de estimação. Ratos, enquanto praga, é a primeira vez e impulsionado pelos excitantes desenhos de caça ao rato, sabia que nada dizia tão bem, em imagens, que há um rato pela casa do que uma ratoeira. Só tive absoluta certeza após Flávia me dizer que certa vez, em sua casa, um rato grande e preto aterrorizava sua família. O veneno, similar a grãos de ração canina, colocado por diversos locais da casa era encontrado na sala, toda manhã, religiosamente empilhado e intacto. O rato possuído só foi exterminado após a colocação de ratoeiras pela casa. Um argumento irrefutável. Foi um tanto decepcionante ver que as ratoeiras de hoje em dia não são tão bacanas como as dos desenhos animados. Parecem mais funcionais do que belas. Aliás, são assustadoras até para alguns de nós.
Em compensação, são baratas. Custaram cerca de R$0.80 cada. Como trata-se de apenas um rato em um ambiente pequeno, duas já pareceram suficientemente agressivas, com suas proporções respeitadas. Mantendo a animada tradição, um pequeno cubo de queijo seria a isca perfeita.
Dois dias depois, em uma delas, a isca perfeita foi retirada, sem ativar o sistema. A outra, por sua vez, permanece fria e sedenta, o queijo endurecendo desagradalvemente e pude constatar algum tipo de fungo se formando ali, cinco dias depois.
Não sei exatamente o que é que há com esse rato. Diria que era imaginário, definitivamente, se não o tivesse visto. Não tenho certeza se foi ele quem pegou o queijo da primeira ratoeira e se o fez, como que não ativou a ratoeira? Sinceramente, tenho medo de pensar que estou diante de outro caso de possessão em ratos. Ou quem sabe, de um novo astro da Disney.
20070730
Ingmar Bergman morreu.
20070729
Jean-Paul Belmondo planeja voltar ao cinema para refilmagem de clássico
(...) Belmondo planeja seu regresso cinematográfico sob comando de Francis Huster, que estuda a refilmagem de "Umberto D" (1955), obra-prima de diretor italiano Vittorio de Sica.(...)
Produzida por Jean-Louis Livi, a nova versão francesa de "Umberto D" contará a história de um professor aposentado que vive na miséria, com um cachorro como única companhia e terá outro título.(...)
Caralho. Não perdoaram nem Umberto D.
20070728
Subject: DEUS
Subject: DEUS
Date: Sat, 28 Jul 2007 18:20:17 -0700
To: meus amigos {noreply-orkut@google.com}
Esta manhã, quando Deus abriu a janela do céu, ele me viu e me perguntou:
"Minha filha, qual seu maior desejo para hoje?"
Eu respondi: "Deus, por favor tome conta da pessoa que está lendo esta mensagem, sua família, e seus amigos especiais,eles merecem e eu os amo muito."
O amor de Deus é como o oceano, você pode ver o começo, mas não o fim;
Esta mensagem funciona no dia que você recebê-la. Vamos ver se é verdade.
Pass--
Não terminei de ler. Vai que é uma corrente e eu vou pro inferno. Ou eu sofro um acidente porque não enviei a mensagem.
No fundo, sequer sei se é mesmo uma corrente. Se não ler o final, a mágica ainda acontece sem os danos do não cumprimento da tarefa?
E outra, "Janela do céu"?
Realmente nunca saberei.
20070724
Nem de graça.
Chovia. Chovia muito. Cheguei à locadora, que estava com metade coberta com um plástico preto, pois está em reforma e com os pés molhados dirige-me ao balcão onde uma moça de cabelos loiros (falsos), que já provara suas habilidades e discernimentos de atendente de videolocadora outras vezes, estava, junto a um computador.
- Oi, eu preciso de três filmes.
- Sim, pois não?
- Eu preciso do terceiro e do quarto filmes do Harry Potter...
- ...
- ... É que é aniversário do meu pai na sexta-feira e ele vai levar todo mundo pra ver o novo filme então, eu achei que precisava recuperar o tempo perdido.
- Ah sim. E qual o outro?
- "Últimos Dias".
- Mas que filme é esse "Últimos Dias" que tá todo mundo pedindo??
- Sabe o filme "Elefante"?
- ...
- Aquele que na capa tem uma moça dando um beijo num rapaz de cabelos bem louros e camiseta amarela, sabe?
- Ah tá. Sei.
- Então! É do mesmo diretor!
- Ah tá. É um documentário, então.
- Não... Nesse "Últimos Dias", o diretor, o Gus Van Sant, conta a história de um rockstar famoso que parece que é baseado na história do Kurt Cobain, do Nirvana e bem, aparentemente ele isolou-se nesse lugar e está vivendo seus... últimos dias.
- ... Ah tá. Um documentário, saquei. Então, você quer o Harry Potter: O Prisioneiro de Azkaban e o Cálice Sagrado, isso?
- Hm. Acho que sim.
- Tá.
E ela saiu de trás do balcão e foi andando pelas prateleiras. Deus sabe o porquê eu fui atrás. Acho que como eu não tinha engolido a história de documentário eu queria respostas. Ela virou ao lado do saco preto de reformas e enquanto ela dirigia-se para a prateleira onde estavam os filmes, eu parei, maravilhado. Um tesouro, daqueles. Dezenas, talvez centenas de filmes em VHS, mal empilhados, em um canto. De súbito, falei:
- Ei! O que são esses filmes? Porque eles estão aqui?
- São pra doação - falou um rapaz que estava junto aos filmes.
Eram pra doação. Pra um orfanato não sei o quê ou asilo blábláblá, não sei, juro que não conseguia ouvir.
- Se você quiser dar uma olhada antes que a gente leve, pode ver quais você quer e pegar. São pra doação mesmo!
Coloquei-me ajoelhado junto a uma pilha de filmes e comecei a ver, um a um.
- Mesmo?
- Claro!
A próxima coisa que percebi foi uma pilha de filmes que batia no meu peito e ainda faltava um pouco menos da metade dos filmes para inspecionar. No final das contas, peguei 45 filmes. Eles deixaram um para trás que estava separado, então, 46. Quarenta e seis filmes semi-novos em folha. Quarenta e seis!
Muitos filmes ruins, ruins. Muitos filmes ruins, bons. Alguns bons, mesmo. Peguei de tudo.
Notei outro vício de linguagem que muitos de nós temos e eu não era exceção. Sabe aqueles filmes que vocês diz que "Não quer ver nem de graça" ou em casos menos sérios, "Não pagaria pra ver mas assistiria de graça"? Pois bem, a primeira regra não vi exceções. Mas na segunda, diversos filmes eu pegava, olhava e então, como estava de graça, classificava como "Nem de graça". Juro que foi bastante esclarecedor.
Dentre tantos filmes bacanas, destacarei alguns dignos de menção.
Vimos Os Suspeitos à venda, até em bancas promocionais de DVDs de 9,90, o que já era excelente. Aqui, em VHS, a caixa está um pouco danificada mas a fita, intacta!
O pomo da discórdia, dublado.
Uma incrível surpresa.
E outra, tão incrível quanto.
Um filme que é sempre bom ter em mãos, não é mesmo?
Ah, e é claro! Navalha na Carne e sua excelente (quase sensual) capa.
A parte triste é que alguns filmes estavam sem caixa e outros estavam sob uma goteira. Muitos mereciam estar assim mas outros, não. Assim sendo, salvei quatro:
("Assassinato no Expresso Oriente"; "Os Deuses Devem Estar Loucos II"; "Batman - O Retorno" e; "Era Uma Vez no México".)
E bem, hoje entendi como uma criança se sentiria numa fábrica de doces (o mesmo exemplo pode ser aplicado a Gordos e Presuntos) o que, devo dizer, foi incrível. Eu estava não apenas com os pés molhados mas metade das pernas também por causa do guarda-chuva e só fui notar isso novamente quando cheguei em casa. Outra analogia que me vem à cabeça e que cabe é aquele programa Supermarket, no qual as pessoas tinham que encher seus carrinhos com MILHO PARA PIPOCA YOKI ou CANELA EM PÓ PARA DOCES MESTRE CUCA ou seja lá o que o apresentador dizia-os para procurar. Mas um pouco mais livre e tudo.
Enfim, só mais uma fotografia. In memoriam ao pessoal do orfanato de velhinhos.
20070723
Uma constatação.
Claro, avaliando como a internet tem evoluído, como é fácil publicar e postar um vídeo na internet, por exemplo. Como o advento da banda larga auxiliou a publicação de imagens em resoluções decentes e levando em conta toda a questão multimídia como um todo, claro, não poderia ser pra menos. A expressão humana pode, cada vez mais, tornar-se mais humana em meio ao pandemônio digital da rede mundial de computadores.
É.
Ainda não justifica.
20070715
Dia Mundial do Rock
Dois dias atrasado e com uma foto pouco expressiva (ou correspondente) quanto ao Dia do Rock que todos imaginamos.
Porém, não sei. Pra mim, o dia 13 de julho já é, de alguns anos pra cá, uma daquelas datas grandiosas, tal qual o Natal. Só que no caso, a música é mais alta e o clima, menos familiar.
Na foto, tirada na manhã do dia quatorze, eu e Guadalupe voltávamos das celebrações do Dia do Rock sem, no entanto, nos depararmos com shows decentes ou coisas que o valham. Aliás, sequer boas músicas mecânicas.
Em compensação, cerveja e comida mexicana.
Ano que vem tem mais.
20070709
Live Earth é um sucesso
Nota da Folha de S. Paulo:
Os shows em defesa da
causa ecológica realizados
anteontem em nove cida-
des do mundo emitiram
31,5 mil toneladas de dió-
xido de carbono, segundo
estimativa do cientista
John Buckley, do site
carbonfootprint.com. O
cálculo, a pedido do jornal
inglês "The Observer",
considerou deslocamento
de artistas e público e con-
sumo de energia no Live
Earth. O total equivale, em
média, ao que 4.000 lati-
no-americanos lançam na
atmosfera em um ano.
Já especula-se que o próximo Live Earth terá, juntamente aos shows, um grande protesto no qual Al Gore e os conscientes artistas distribuirão latas de aerosóis emissores de CFC para que a platéia, nas 24 horas de evento, acabe com o estoque de produtos do tipo disponíveis no mundo. Outra forma de tornar o problema visível, segundo Gore, será o incentivo, nesse dia para que todos donos de carro dêem a partida no mesmo instante e mantenham os motores rodando, em ponto morto e aceleração máxima, por "pelo menos 12 horas". A ação terá o patrocínio da Texaco.
uma combinação sempre elegante.
Al Gore espera que, com mais dois ou três Live Earths, conseguirá, enfim, extingüir a vida humana na Terra devido às maciças emissões de carbono que cada evento gerará.
Ele também aproveitou o evento para anunciar seu novo transplante de corpo, com a ex-inspetora de alunos, Fay Thompson. Al Gore informou que assim se dará parte da seleção para a criação do que ele chamou de "nova raça humana" e que pretende levar, junto com sua equipe de cientistas e pesquisadores, experiências de transplantes, implantes de novos membros e armas como membros, além de modificações genéticas para aprimorar esta nova raça, formada apenas de sobreviventes dos Live Earths que fará.
Em seguida, Al Gore chamou Fay Thompson ao palco, recebida sob emocionada salva de palmas da platéia presente. A ex-inspetora agradeceu e anunciou o começo de sua nova carreira como comediante com uma esperta piada envolvendo racismo, gases e a volta das Spice Girls.
20070708
De volta para o presente
Só é cretino mesmo o fato de que uma das pessoas que mais suporta a filosofia de escrever por exercício mantenha um blogue e o mantenha abandonado por tanto tempo.
Já prometi que voltaria a escrever aqui e parei em seguida.
Já prometi não prometer que voltaria a escrever aqui e parei em seguida.
Já fiz chantagens comigo mesmo, simpatias de Cícero Augusto e instalei o Flock que tem um atualizador de blogues automático. Diabos, até comprei uma agenda.
Então, agora, vou tentar praticar o exercício da postagem; Escrever eu não tenho escolha mas postar em blogues é outra coisa. Acho esse layout padrão do Blogger esquisito, tentei editar o código fonte mas achei tudo assustador e complicado. Resolvi mudar o nome, encurtá-lo.
Daqui pra frente, será só O Pinball Mutante e pronto. De cara feia porém - e aqui entra a típica promessa - com atualizações mais freqüentes. Não dá pra dizer que diárias mas farei o melhor.
Recomendo, para quem não conhece, inscrever o blogue nos seus feeds RSS. Achava meio inútil e tudo antes mas, após alguns meses de trabalho pesado e pouco tempo no computador percebi como isso facilita o acesso a blogues e derivados com atualizações freqüentes ou não. No caso do FireFox, que eu uso, é só clicar no ícone laranja ao lado do endereço da página e salvar como um favorito!
Enfim!
Silhoueta (sic)
Câmera de celular é uma coisa. Sempre há fotos medíocres, borradas, sem definição nenhuma e de cores esquisitas. Às vezes, para bem, às vezes não.
Essa aqui é, definitivamente, um exemplo de cores esquisitas que vieram para bem. Com os (limitados) controles manuais, é possível diminuir a luz que entra e criar uma silhueta e tanto. Só não entendo como um céu de meio-dia e tanto pôde ficar com esse tom meio crepúsculo, meio bacana.
20070303
Verão em São Paulo
Na tarde de 26 de fevereiro, choveu em São Paulo. Choveu muito, inclusive.
Essa fotografia foi tirada com o celular de dentro de uma borracharia de caminhões na qual eu estava abrigado. Obviamente, houve uma alteração em Photoshop, para a foto ficar com o efeito visual que as fotografias Lomo têm.
20070221
Jorge e Marcela
Tudo correu conforme o previsto, do primeiro encontro até aquela primeira noite juntos. Não era previsto que ambos ocorressem no mesmo dia porém, aquele vinte um de abril tornou-se a data para tal.
Cerca de três meses depois, os dois já passaram a ser Jorge e Marcela, assim, sem separação, por todos os amigos e conhecidos. Foram gentilmente abdicados de seus nomes, por si só, mas eles não o perceberam.
Em seguida, foi o espaço. Já em agosto, o antigo apartamento de Jorge tornou-se o então apartamento de Jorge e Marcela. Era alguma coisa menor do que o dela mas tinha uma pequena varanda na qual Jorge e Marcela escoravam-se para ver a rua passar e vez ou outra, a rua passava para vê-los a se escorar.
No final do ano, Jorge e Marcela planejavam o Natal, empolgadíssimos, como as duas crianças de vinte e tantos que ainda eram. Marcela cortou o cabelo e Jorge comprou um pequeno pinheiro de plástico.
Em meados de fevereiro, Jorge e Marcela estavam na praia, torrando ao sol, felizes por estarem juntos. Marcela já não exibia o seu antigo físico, esguio, mas uma barriga um pouco mais saliente. Seus seios estavam sutilmente mais generosos e Jorge um tanto flutuante.
O casamento se deu numa tarde de julho, numa capelinha qualquer. Marcela usava um vestido branco que já seria suficientemente curto em qualquer noiva e nela, ficara ridiculamente bonito com aqueles oito meses em contraste com suas pernas, aparentemente tão finas e frágeis. Jorge e Marcela uniam-se então, ainda mais. Jorge e Marcela agora também poderiam ser chamados de Jorge e Marcela Oliveira, legalmente e abençoados por Deus.
No mês seguinte, Catarina era a nova Oliveira a unir-se a Jorge e Marcela. A cicatrização de Marcela nunca foi muito boa e por duas vezes os seus pontos romperam-se. A coloração desagradável e o aspecto mutante de sua cicatriz na região do baixo ventre eram vistos com naturalidade por Jorge, que preocupava-se em manter Marcela confortável e descansada. Afinal, ela carregou sozinha Catarina por tanto tempo sozinha que suas costas continuavam doloridas e suas pernas exaustas. No meio das madrugadas, era Jorge quem abdicava de seu sono para cuidar de Catarina. Um par de mamadeiras com o leite de Marcela ficavam religiosamente esperando, à noite, para fazerem o que faziam de melhor. E pela manhã, Jorge saía para trabalhar após beijar Marcela carinhosamente, tornando a recuperação muito mais prazerosa do que recuperações costumam ser.
Para melhor cuidar de Catarina, Marcela abriu mão de seu emprego e pôde assumir, de fato, a posição de mãe em tempo integral. Jorge a apoiou, mesmo considerando o esforço desnecessário e de tantas formas antiquado. Contudo, para Marcela, anular algo do tipo não era penoso mas uma contribuição sincera para que Jorge, Marcela e Catarina fossem uma família feliz.
E lentamente, Jorge e Marcela abdicaram, juntos, de tantas coisas. Dos bailes inconseqüentes, das bebedeiras de sábado, do sexo - nas noites em que Catarina acordava assustada e queria dormir na cama deles -, de despesas pessoais em tempos não festivos, de suas liberdade e juventudes.
No último ano da faculdade de Catarina, descobriram em Marcela a metástase originada de um câncer renal, infelizmente, durante sua autópsia, apenas. Agora, pela primeira vez em toda sua vida, Jorge estava sem Marcela.
Jorge e Catarina choraram juntos e rapidamente, Jorge viu-se em necessidade de abdicar mais uma vez de sua tristeza para manter Catarina bem, terminar a faculdade e seguir sua vida. Na semana seguinte, Catarina já voltara à suas atividades normais, não completamente recuperada mas melhor disposta.
Jorge fez o que podia para continuar mas depois de tudo, Jorge não conseguia existir sem Marcela. Deixara de lado tantas coisas que podia fazer, da mesma forma que Marcela o fizera e agora, sem ela, obviamente ele não tinha nada mais.
Foi em uma noite qualquer de outono, pouco tempo depois da formatura de sua filha, que Jorge e Catarina parou de ser utilizado pelos amigos, passou a ser Catarina, apenas. Do outro lado da cidade, em mármore, Jorge e Marcela eram um só, novamente.
20070219
A Mulher Mais Linda da Cidade
Uma imagem da adaptação do conto de Charles Bukowski, A Mulher Mais Linda da Cidade, que fizemos no ano passado.