20071109

"Planeta Terror"

   Acabei de voltar de uma sessão de Planeta Terror.

   Não sei bem o que dizer ainda. Saí do cinema com uma impressão desagradável, de filmete medíocre. Honestamente, os filmes do Robert Rodriguez geralmente me deixam com essa impressão. Sin City eu achei uma bobagem, muito quadrinho e pouco cinema. E analisando agora, Planeta Terror sofre de um mesmo mal: O estilo se sobrepõe ao conteúdo. Em Sin City, o estilo incrivelmente fiel aos quadrinhos foi seu único mérito e seu grande defeito. Quadrinhos não são cinema e vice-versa. Cada mídia tem suas características próprias e a narrativa de uma nem sempre se encaixa exatamente na outra. Em Planeta Terror isso não precisaria ser um problema uma vez que é um filme que homenageia tantos outros, ou seja, tá tudo já meio que pronto.

   Mas Robert Rodriguez conseguiu inclusive diminuir o gênero em algo raso e pouco interessante. Quando li uma primeira crítica do filme, citaram A Noite dos Mortos Vivos. Citaram que Planeta Terror não vai além disso e etc. O que prova ser uma besteira gigantesca. O filme sequer se aproxima do filme do Romero. Novamente, o estilo se sobrepôs ao conteúdo: Houve tamanha preocupação com como os filmes pareciam naquela época, como eram os enquadramentos e os travellings, as cores, a sujeira na película, as falhas aqui e ali, a música, enfim, tudo o que caracterizaria um filme mais do tipo B que o filme em si soa menos interessante. O problema é que toda a estética adotada funciona, e funciona muito bem, nos primeiros minutos de filme. É divertido ver as manchas aqui e ali, o trailer falso em som tipo Mono exibido antes do filme, os movimentos desnecessários, as atuações excessivas de alguns coadjuvantes, o gore e sangue extremamente falsos e muito divertidos. Porém, passados esses minutos iniciais, a novidade acaba, para nós. Mas não para Robert Rodriguez. Para Robert Rodriguez isso nunca é demais. E o filme se encerra nisso.

   Daí, com exceção disso, tudo fica meio assim, com clima de displicência, pouco caso mesmo. O ritmo do filme é irregular e o mais assustador do filme foi o fato de eu ter notado que em muitos momentos eu estava entediado no cinema. Durante um filme de zumbis e ação. Considerando como eu aprecio filmes de zumbis - tanto os lentos como os rápidos - e como eu esperava por esse filme, achei estranho.

   Pomba, até meu desktop tá com o papel de parede do Planeta Terror:

Eu, muito feliz, aguardando a estréia do Planeta Terror.


   Daí entra aquela questão: "Oras, você estava ansioso, com expectativas em alta e elas não foram supridas, acontece". O problema é que minha única expectativa era me divertir e ver sangue falso e algumas explosões na tela. Por esse lado, realmente, foi tudo ok mas o problema do filme é esse ritmo irregular, mesmo. E como lida com muitos personagens o tempo todo, sem nenhuma profundidade ou sutilezas, você freqüentemente se pergunta por que diabos eles cortou a história ali e mudou para o outro personagem ou coisa do gênero. Ironicamente, essa cartilha de corte + corte + corte = filme dinâmico não funcionou, e o filme dependia muito disso. Aí a história parece estar sempre perdendo o foco, o que o faz perder o foco, por conseqüência.

   Apesar de tudo, o filme não é uma merda. É um médio-bom, no máximo. Não acho que o filme recrie os filmes dos gêneros apresentados com tanta fidelidade mas sequer consegue encontrar sua própria voz. Um colega me disse que "O filme não quer ensinar nada, só quer divertir e para isso, ele o faz com louvor". Não esperava lições de vida em um filme chamado Planeta Terror nem acho que um filme precisa ensinar algo para ter algum valor. A mensagem do filme é clara e pouco aproveitada, eu acredito. Vale a pena por algumas seqüências muito boas e muito divertidas mas a impressão geral não é tão divertida. Com Kill Bill Vol. 1, que também se propõe a divertir somente, eu saí do cinema andando nas nuvens. Repeti a dose no cinema, na época tinha o filme gravado em um porco VCD (Duplo!) e atualmente o possuo em DVD. E continuo achando extremamente divertido e sensacional. Não sei se com o passar do tempo eu vou acabar gostando mais de Planeta Terror. No cinema não pretendo rever, certamente. Um lançamento em DVD ganha minha locação, já. Pode ser que no televisor tudo pareça mais interessante, quem sabe?

   Agora é só aguardar o lançamento de À Prova de Morte, do Tarantino que todo mundo que já viu, crítico de cinema ou não, diz que é melhor e etc. Eu aguardava com mais interesse para assistir ao Planeta Terror, por causa do tema tão apetitoso ainda que sempre tive meus problemas com o Rodriguez. No momento, em questão de expectativas, eu diria que há um empate.