Sou um escroto, um auto-sabotador da pior espécie. Escrevo com unhas e dentes e tripas e coração. Eu sou um lixo, um monstro. Acredito, vivo e escrevo por amor e estrago meu amor ao amar. O vazio do meu coração só é comparável à estranha frieza que toma conta dos meus pensamentos, que me faz racionalizar demais, que me desapega das coisas, que corta vínculos, raízes, músculos e me joga ao vento. Não vivo preso e não viveria assim, se me permitissem escolher. Vivo com a angústia de me deparar com a falta de escolha de poder me prender. Não quero fazê-lo, não é esse o problema ou sequer a solução. não não não não não não não não não não não não. Mil vezes não, até que as palavras sejam apenas linhas e as linhas, borrões. Não sei amar sem ser independente e gostaria que minha independência não fosse tomada como indiferença. Sou indiferente, tantas vezes. Sou indiferente quando não amo. Não sei ser dependente e não quero que você seja surpreendida por isso. Eu sou um lixo, um tipo extremamente difícil. Não quero fazê-la passar por isso. Não seria justo. Não seria justo.
Você lerá isso e se calará porque você é como eu. Porque ambos somos sabotadores.