20080728
Sabotadores
Sou um escroto, um auto-sabotador da pior espécie. Escrevo com unhas e dentes e tripas e coração. Eu sou um lixo, um monstro. Acredito, vivo e escrevo por amor e estrago meu amor ao amar. O vazio do meu coração só é comparável à estranha frieza que toma conta dos meus pensamentos, que me faz racionalizar demais, que me desapega das coisas, que corta vínculos, raízes, músculos e me joga ao vento. Não vivo preso e não viveria assim, se me permitissem escolher. Vivo com a angústia de me deparar com a falta de escolha de poder me prender. Não quero fazê-lo, não é esse o problema ou sequer a solução. não não não não não não não não não não não não. Mil vezes não, até que as palavras sejam apenas linhas e as linhas, borrões. Não sei amar sem ser independente e gostaria que minha independência não fosse tomada como indiferença. Sou indiferente, tantas vezes. Sou indiferente quando não amo. Não sei ser dependente e não quero que você seja surpreendida por isso. Eu sou um lixo, um tipo extremamente difícil. Não quero fazê-la passar por isso. Não seria justo. Não seria justo.
Você lerá isso e se calará porque você é como eu. Porque ambos somos sabotadores.
Você lerá isso e se calará porque você é como eu. Porque ambos somos sabotadores.
20080727
Combustão
Ela é alta e tão bonita. Provavelmente a mulher mais alta e mais bonita que eu já vi. Já vi muitas mulheres altas. Já vi muitas mulheres altas que sequer eram mulheres. Já vi muitas mulheres bonitas. Mas nunca altas e bonitas como ela.
Não é justo dizer que ela é alta. Ou bonita. De fato, ela é bastante alta. E sua beleza não é convencional, ela poderia até ser chamada de esquisita-ainda-que-realmente-bonita. Pra mim não há mulher mais bonita. Isso tudo é fisíco, qualquer um vê. O que não é possível de ver é como ela é bonita. E alta. Essa beleza e tamanho que só tive contato quando a conheci de verdade e não consegui descrever ou racionalizar. É tão vasta e real e sincera e pura. Livre, banal, cretina, mutante, intensa, difícil, humana. Todas as pessoas se apaixonariam por ela se a conhecessem. Provavelmente todas se apaixonam. Eu soube até de um carro que tem sentimentos por ela. Não sei se deveria acreditar, mas acredito.
Me apaixonei por essa vivacidade, por essa realidade. Ela brilha entre as pessoas porque é real. Ela é bonita e alta porque é real. Posso amá-la, eu a amo, tudo bem. Amanhã tudo pode mudar, essa paixão acabar, os corpos esfriarem e a distância aumentar. Como se os fios invisíveis que nos seguram fossem cortados e não conseguíssemos nos segurar. Não acho impossível nem improvável. Ela não é minha e eu sei disso. Também sei que ela sempre será muito bonita e muito alta e extraordinária, mesmo quando a paixão acabar e ela levar seus discos incríveis consigo e a casa ficar muda.
E tenho mais certeza disso quando estamos apenas sentados, conversando e de repente, aparece algo que ela considere tão deliciosamente prazeroso que a faz rir com vontade, batendo seus pés descalços contra o chão, com excitação.
Eu amo a sua ingenuidade. Sua espontaneidade e seus momentos explosivos de loucura. Ela não é minha mas queria poder protegê-la para sempre. Ela é uma mulher muito especial e sei que muitos homens já a feriram, eu sinto algumas de suas cicatrizes quando olho em seus olhos, cheios de paixão. Me sinto apavorado ao pensar o que tantos outros homens poderão fazer com uma criatura tão pura, que tipo de marcas eles poderão deixar. Que toda aquela beleza poderá ser destruída por algum imbecil que não conseguirá perceber nem lidar com a delicadeza daquela personalidade tão rara que transborda por aqueles olhos tão bonitos e pálidos. Tão sinceros. Me sinto apavorado porque sei que cedo ou tarde, isso vai acontecer. Me sinto apavorado porque esse imbecil pode ser eu e eu jamais me perdoaria se eu tirasse a vida de seus pulmões e ela simplesmente respirasse, como a maior parte de nós.
Aliás, agora mesmo não sei dizer exatamente qual é a cor dos olhos dela. Como ela, eles parecem estar tão cheios de vida, intensos e em uma espécie de combustão. Ela é a mulher mais alta e mais bonita que eu já vi.
Não é justo dizer que ela é alta. Ou bonita. De fato, ela é bastante alta. E sua beleza não é convencional, ela poderia até ser chamada de esquisita-ainda-que-realmente-bonita. Pra mim não há mulher mais bonita. Isso tudo é fisíco, qualquer um vê. O que não é possível de ver é como ela é bonita. E alta. Essa beleza e tamanho que só tive contato quando a conheci de verdade e não consegui descrever ou racionalizar. É tão vasta e real e sincera e pura. Livre, banal, cretina, mutante, intensa, difícil, humana. Todas as pessoas se apaixonariam por ela se a conhecessem. Provavelmente todas se apaixonam. Eu soube até de um carro que tem sentimentos por ela. Não sei se deveria acreditar, mas acredito.
Me apaixonei por essa vivacidade, por essa realidade. Ela brilha entre as pessoas porque é real. Ela é bonita e alta porque é real. Posso amá-la, eu a amo, tudo bem. Amanhã tudo pode mudar, essa paixão acabar, os corpos esfriarem e a distância aumentar. Como se os fios invisíveis que nos seguram fossem cortados e não conseguíssemos nos segurar. Não acho impossível nem improvável. Ela não é minha e eu sei disso. Também sei que ela sempre será muito bonita e muito alta e extraordinária, mesmo quando a paixão acabar e ela levar seus discos incríveis consigo e a casa ficar muda.
E tenho mais certeza disso quando estamos apenas sentados, conversando e de repente, aparece algo que ela considere tão deliciosamente prazeroso que a faz rir com vontade, batendo seus pés descalços contra o chão, com excitação.
Eu amo a sua ingenuidade. Sua espontaneidade e seus momentos explosivos de loucura. Ela não é minha mas queria poder protegê-la para sempre. Ela é uma mulher muito especial e sei que muitos homens já a feriram, eu sinto algumas de suas cicatrizes quando olho em seus olhos, cheios de paixão. Me sinto apavorado ao pensar o que tantos outros homens poderão fazer com uma criatura tão pura, que tipo de marcas eles poderão deixar. Que toda aquela beleza poderá ser destruída por algum imbecil que não conseguirá perceber nem lidar com a delicadeza daquela personalidade tão rara que transborda por aqueles olhos tão bonitos e pálidos. Tão sinceros. Me sinto apavorado porque sei que cedo ou tarde, isso vai acontecer. Me sinto apavorado porque esse imbecil pode ser eu e eu jamais me perdoaria se eu tirasse a vida de seus pulmões e ela simplesmente respirasse, como a maior parte de nós.
Aliás, agora mesmo não sei dizer exatamente qual é a cor dos olhos dela. Como ela, eles parecem estar tão cheios de vida, intensos e em uma espécie de combustão. Ela é a mulher mais alta e mais bonita que eu já vi.
20080721
A melhor invenção
Às vezes não sei se você realmente existe ou existiu. Se fez parte da minha vida ou foi simplesmente uma invenção. Não sei dizer ao certo, mas queria que eu a tivesse inventado. Inventado seu olhar instigante e seu sorriso espontâneo. Inventado aquela penugem fina e transparente que cobre sua pele ou criado suas mãos, sempre tão bonitas, com seus dedos longos e delicados. Queria tê-la inventado e, se tivesse, pouco eu mudaria porque você não é perfeita mas amo seus erros. Queria ter te inventado pra poder desinventá-la.
Queria tê-la como invenção minha, criação espontânea, uma loucura da conveniência. Assim, quando você tivesse ido embora, eu poderia inventar um novo alguém para amar como eu a amo. Seria perigoso e previsível porque eu inventaria uma nova você, da mesma maneira. Pode-se inventar uma invenção, novamente? Reinventar? Seria uma cópia. Um novo esconderijo, uma nova imaginação. Quero adiar o momento de abandonar a ilusão e perceber que você não apenas existiu como me amou e me deixou. Negar, posso negar e deliberadamente imaginá-la e reinventá-la de todas as maneiras, que sempre serão você. E você-imaginária, sempre imaginará e reinventará a mim.
não,
Você existe porque foi embora e, eu não consigo amar ninguém assim como eu te amei —real ou imaginária.
Você existe e é a melhor invenção que eu jamais poderia imaginar.
você foi embora.
Queria tê-la como invenção minha, criação espontânea, uma loucura da conveniência. Assim, quando você tivesse ido embora, eu poderia inventar um novo alguém para amar como eu a amo. Seria perigoso e previsível porque eu inventaria uma nova você, da mesma maneira. Pode-se inventar uma invenção, novamente? Reinventar? Seria uma cópia. Um novo esconderijo, uma nova imaginação. Quero adiar o momento de abandonar a ilusão e perceber que você não apenas existiu como me amou e me deixou. Negar, posso negar e deliberadamente imaginá-la e reinventá-la de todas as maneiras, que sempre serão você. E você-imaginária, sempre imaginará e reinventará a mim.
não,
Você existe porque foi embora e, eu não consigo amar ninguém assim como eu te amei —real ou imaginária.
Você existe e é a melhor invenção que eu jamais poderia imaginar.
você foi embora.
20080717
fa.vo.ri.tis.mo - S. m.
Tenho uma método muito pessoal de classificar as pessoas. Não todas, só pessoas que eu amo e tenho profunda admiração e respeito. Sinto-me à vontade para falar e sei que a pessoa sente-se à vontade para me falar, quando necessário. São aquelas poucas pessoas que me deixam meio fascinado, pessoas cujas vitórias, sucessos e projetos me são tão caros e importantes quanto os meus próprios, e os insucessos me chateiam igualmente. A quem eu quero contar coisas grandes, pequenas, importantes e as mais cretinas que eu posso conceber e vice-versa. Quero mostrar e discutir músicas, livros, filmes e idéias. São minhas pessoas favoritas.
É um favoritismo saudável, são favoritas frente à média populacional, sem parcialidade ou escolha. São apenas pessoas que me vêm à cabeça quando penso em pessoas e, que me vêm à cabeça agora quando penso sobre pessoas e, mais especificamente, pessoas favoritas. É uma coisa meio esquisita, difícil de definir. Não idolatro ou sobreponho. Somos pessoas diferentes e iguais, em tantos pontos, isso é uma constante. Mas é a mais fraca. Pareço-me com pelo menos uma centena de pessoas, ainda que cada um seja único. Identifico poucas pessoas que se destacam, assim.
Posso conhecer muitas pessoas e gostarei de algumas tantas e amarei outras poucas. Mas, pessoas que considero favoritas estão em uma escala menor.
Não posso definir uma escala de amor, mas são pessoas que eu amo com toda sinceridade. E é importante notar que não consigo mais namorar uma mulher que, de repente, percebo ser uma pessoa favorita. Absolutamente não consigo.
A única razão para me sentir compelido a não fazê-lo, imagino, é justamente por proteção. Não existe espaço para a paixão ou o desejo. O amor toda conta de tudo e, nos casos em que previamente houve a paixão, ela me parece tão pequena, insignificante e insuficiente que é substituída pelo amor, ainda que já houve um caso em que as propriedades foram mantidas e amplificadas.
Nos casos em que não houve um envolvimento prévio, que é onde se aplica a maior parte absoluta dos casos e, esses, sem restrição de idade, gênero, tempo ou distância, simplesmente amo a pessoa e a única expectativa, talvez requisito, é a sinceridade e honestidade recíprocas. Não é apenas isso, mas o restante é abstrato demais, ainda que demasiadamente significativo.
Não digo à todas as minhas pessoas favoritas que eu as amo. Muitas vezes não digo nem que elas são assim, minhas favoritas. Não muda muito as coisas, eu acho. Não sei fazer nada sem amar e sou redundante em amar, sem perceber. Devo ter muita sorte.
20080713
Dia do Rock/2008
Claro. Citei há um ano atrás sobre o dia do Rock ser especial como o Natal. Com a música mais alta e o clima menos familiar.
É óbvio que esse ano as coisas foram diferentes, foram parecidas com o que eu disse que o dia do Rock não era. A música foi alta e o clima incrivelmente familiar. Não foi ruim, mas não foi um dia do Rock. Rolou um Twist and Shout e um Jailhouse Rock e eu dancei um tanto. Porém, percebi que estava tudo errado quando estava tocando Whiskey a Go-go e eu estava no meio de uma roda de mulheres de 60 anos cantando em coro "hey hey, ho ho" pra desembarcar num "eu perguntava do you wanna dance?" ao invés de um saudável "let's go!".
Pretendia celebrar o meu dia do rock da maneira que eu acho ideal à noite. Não deu tempo. Já é praticamente um dia 14 de julho qualquer. Ano passado rolou comida mexicana. Esse ano, eu diria que o ponto alto foi um frapê de capuccino, do Habib's. Não me leve a mal, adoro o frapê de capuccino. Mas não era o que eu esperava para o meu dia do Rock, absolutamente. Não digo que eu queria uma bebedeira infernal com inconseqüências, promiscuidades e o som alto e prejudicial à saúde. Isso não seria ruim, tampouco. Mas, sério, nem de longe eu diria que as melhores coisas do meu dia do Rock foram um frapê de capuccino e a audição de um disco do The Hives.
Essa semana eu desconto.
É óbvio que esse ano as coisas foram diferentes, foram parecidas com o que eu disse que o dia do Rock não era. A música foi alta e o clima incrivelmente familiar. Não foi ruim, mas não foi um dia do Rock. Rolou um Twist and Shout e um Jailhouse Rock e eu dancei um tanto. Porém, percebi que estava tudo errado quando estava tocando Whiskey a Go-go e eu estava no meio de uma roda de mulheres de 60 anos cantando em coro "hey hey, ho ho" pra desembarcar num "eu perguntava do you wanna dance?" ao invés de um saudável "let's go!".
Pretendia celebrar o meu dia do rock da maneira que eu acho ideal à noite. Não deu tempo. Já é praticamente um dia 14 de julho qualquer. Ano passado rolou comida mexicana. Esse ano, eu diria que o ponto alto foi um frapê de capuccino, do Habib's. Não me leve a mal, adoro o frapê de capuccino. Mas não era o que eu esperava para o meu dia do Rock, absolutamente. Não digo que eu queria uma bebedeira infernal com inconseqüências, promiscuidades e o som alto e prejudicial à saúde. Isso não seria ruim, tampouco. Mas, sério, nem de longe eu diria que as melhores coisas do meu dia do Rock foram um frapê de capuccino e a audição de um disco do The Hives.
Essa semana eu desconto.
20080708
Retiniano
O seu rosto tinha traços fortes, as maçãs do rosto bem marcadas, o nariz fino, os lábios cheios e os olhos castanhos, expressivos e intensos. Os cabelos, também castanhos, eram comuns e simplesmente completavam a composição, como se soubessem o seu lugar perto de tantas outras qualidades de uma mulher tão bonita e incomum, com o tipo de beleza que não se espera encontrar sentada em um ônibus a caminho de qualquer lugar.
Ela estava sentada ali e quando o ônibus parou no semáforo, seu rosto se virou para a janela, com os olhos percorrendo o local onde estava, se localizando com curiosidade e insegurança. Ela sabia onde estava, mas não deixava de procurar, daí talvez essa sensação tão leve de insegurança. O que poderia encontrar, ou quem? Alguma coisa ela procurou por alguns instantes sem ir muito além, até que se viu na mesma rua de todo dia e voltou o rosto para frente, numa expressão impassível.
Por algum tempo, admirei aquela mulher silenciosa e absorta em pensamentos indecifráveis. De repente, com uma sutileza surpreendente, seus lábios se curvaram, levemente e seus olhos sorriram, ainda distantes, como quem encontra prazer e conforto em algum lugar de seus pensamentos para, no instante seguinte, a expressão séria e impessoal voltar ao seu lugar. Mas, era tarde demais para se recompor pois eu vi aquela faísca de satisfação, tão rápida quanto intensa. Sei que vi porque aquele sorriso rápido e sutil surgiu de forma tão repentina e sincera que fez uma marca em minha visão. Como quando se olha por muito tempo para uma lâmpada ou para o sol e depois se continua a ver aquela fonte de luz em todos os lugares para onde os olhos se colocam. Uma persistência retiniana. Foi isso que aconteceu, uma espécie de persistência retiniana. O sorriso daquela mulher atingiu meus olhos de tal forma que desde então, continuo a vê-lo com o mesmo prazer e surpresa, no mesmo lugar, não importa para onde eu olhe.
O semáforo ficou verde e o ônibus se foi.
Ela não me viu.
Ela estava sentada ali e quando o ônibus parou no semáforo, seu rosto se virou para a janela, com os olhos percorrendo o local onde estava, se localizando com curiosidade e insegurança. Ela sabia onde estava, mas não deixava de procurar, daí talvez essa sensação tão leve de insegurança. O que poderia encontrar, ou quem? Alguma coisa ela procurou por alguns instantes sem ir muito além, até que se viu na mesma rua de todo dia e voltou o rosto para frente, numa expressão impassível.
Por algum tempo, admirei aquela mulher silenciosa e absorta em pensamentos indecifráveis. De repente, com uma sutileza surpreendente, seus lábios se curvaram, levemente e seus olhos sorriram, ainda distantes, como quem encontra prazer e conforto em algum lugar de seus pensamentos para, no instante seguinte, a expressão séria e impessoal voltar ao seu lugar. Mas, era tarde demais para se recompor pois eu vi aquela faísca de satisfação, tão rápida quanto intensa. Sei que vi porque aquele sorriso rápido e sutil surgiu de forma tão repentina e sincera que fez uma marca em minha visão. Como quando se olha por muito tempo para uma lâmpada ou para o sol e depois se continua a ver aquela fonte de luz em todos os lugares para onde os olhos se colocam. Uma persistência retiniana. Foi isso que aconteceu, uma espécie de persistência retiniana. O sorriso daquela mulher atingiu meus olhos de tal forma que desde então, continuo a vê-lo com o mesmo prazer e surpresa, no mesmo lugar, não importa para onde eu olhe.
O semáforo ficou verde e o ônibus se foi.
Ela não me viu.
20080706
mono
Eu sou mono.
Sou humano e movido por paixões.
Mono, mono, mono.
Não desligo nem me ligo
fico alheio, indiferente
apaixonado pelo amor
pela paixão
pela criação.
Não consigo evitar de
me manter indiferente aos
atos comezinhos e
aos assuntos de enchimento.
absorto em mim, em mono,
sou um monstro que soa como
muitos, simultaneamente,
de forma grotesca
talvez disforme, mas se digo,
digo não;
eu sou um monstro mono.
todos os sons partem de um único lugar
de uma única fonte
e, ainda que se identifique
aparentemente
mais e mais fontes,
o som é único e repetido em todas as caixas,
em todas as fontes.
Como um padrão
meu som é mono.
pode ser um defeito
ou uma característica
não sei apontar. De forma geral,
sou mono
e
não sei colocar menos energia e paixão
em qualquer coisa que eu faça.
E faço, crio, devoto e reproduzo,
com tentativas e erros,
ecos dessa paixão mono em mim.
E quando está, está completo.
Mantenho minhas fontes
e parto a novas criações.
Permaneço mono, mas
minhas paixões vão a estéreo.
20080701
Guerra Dentro da Gente
Na mesma tarde, a Princesa disse à sua ama:
— Não agüento mais de tanto amor. Vou embora hoje mesmo. (...) Quero sair pelo mundo, dizendo que a vida é melhor que a morte, que a alegria é maior que a tristeza e que os golpes de espada passam, mas só os beijos ficam.
— Não agüento mais de tanto amor. Vou embora hoje mesmo. (...) Quero sair pelo mundo, dizendo que a vida é melhor que a morte, que a alegria é maior que a tristeza e que os golpes de espada passam, mas só os beijos ficam.
p. leminski
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