20080524

Godfathering

Agora à tarde vou ali fazer um Curso para ser padrinho de batismo. O batizado é na semana que vem e, ainda que eu considere profundamente lisonjeiro ser chamado para ser padrinho de alguém, acho um absurdo porque tecnicamente um padrinho é um substituto para os pais, no caso da ausência deles. E de acordo com a Wikipédia, "tem como obrigação auxiliar os pais da criança, na educação religiosa da mesma, no crisma".

Pretendo auxiliar a garota sob os meus preceitos que não necessariamente são cristãos. São fragmentos de tantas crenças, opiniões e subjetividades em geral que questiono uma aplicação para outro alguém a não ser eu mesmo. São válidas apenas para mim e só as responsabilizo em mim porque elas são igualmente mutáveis e eu sei a origem da mudança de um aspecto ou da sedimentação de outro. Assim como saberei da mudança dessa sedimentação, quando achar que assim deverá acontecer e da flutuação de tantas outras possibilidades e fatos que, certos ou não, manterei os pés fora do chão para poder me decidir. No fundo, não é fora do chão. É no chão formado por essa sedimentação, absolutamente temporária. Não é real ou concreto. Parecerá inconstante e desconfortável e muitas vezes, realmente é e será. E assim sendo, eu mudarei, todas as vezes, fixo apenas nas minhas convicções absolutamente pessoais e egoístas, que paradoxalmente atribui um valor incalculável às outras pessoas, sob as menores distinções que eu consiga atribuir.

Talvez mais do que um aspecto de educação religiosa (que sendo tão profundamente pessoal e honestamente, prefiro não induzir a absolutamente nada, oferecerei o que considero importante, apenas se achar necessário), acredito mais uma espécie de educação moral, por pior que soe a palavra moral. Atualmente, afirmo que os meus aspectos morais são fundamentados num processo de consciência e tão somente isso. A consciência de si. A consciência de seus atos. Um questionamento dos atos. Um questionamento de si.

Essencialmente, é isso. É muito mais, muito maior. Mas a essência, está aí. E é justamente isso que tenho para oferecer, agora. Ou tentarei fazê-lo, não sei. A garota tem apenas três meses, parece-me absurdo me preocupar com algo assim quando ela é tão nova, mais absurdo até do que ser chamado para ser padrinho de batismo. Mas aceitei a função, apesar do absurdo. Então, apesar dos absurdos, vou. Ali.