20081202

Para um gato de rua

   Caminhando de volta para casa, percebi um gato parado junto a um degrau da calçada alguns metros à frente, na minha direção. Em seguida o gato se abaixou atrás do degrau e me olhou rapidamente, curioso se agora eu podia vê-lo, como em um desenho animado, onde uma pessoa muito grande esconde-se atrás de uma árvore ridiculamente pequena. Achei aquela atitude tão espirituosa que desviei o meu trajeto e me mantive falsamente indiferente, não olhei para o gato. Passei por ele e com satisfação notei pelo canto do olho que ele continuava me olhando, invisível e vitorioso.
   Sem olhar para trás, segui em frente e dois minutos depois eu cheguei em casa. Abri a porta e tirei meus sapatos. Ainda me sentia envolvido pela inocência daquela ação, talvez um reflexo da inocência que ainda tenho em mim. Ou da que anseio ter. Não sei. Sentado na cama, rapidamente me lancei e olhei embaixo da cama.
   O gato não estava ali.




   Este texto é para ele.