20080629

Introdução

   A pesquisa do TCC foi entregue essa semana e se chama "Os Sonhos de David Lynch". Não é a final-final, eu imagino, algumas alterações deverão ser feitas e etc., mas ela ficou bastante consistente.

   Vou colocar a Introdução da pesquisa aqui no blogue porque eu não sei bem quais são as limitações legais para a sua distribuição. Mas a introdução não é um problema, eu imagino. Quando ela estiver fechada e quando a dúvida em relação à essa distribuição for solucionada, eu a colocarei aqui, na íntegra, caso exista algum interesse.

   No momento,


INTRODUÇÃO

      Os sonhos são formas de expressão consideradas, de uma forma geral, tão íntimas quanto criativas. O sonhar é considerado absurdo quando não tem nenhuma similaridade com a nossa vida cotidiana —enquanto acordados— e, assim, são pensados pela sua forma, simplesmente. Por exemplo, uma pessoa, subitamente começa a voar, e no sonho isso não parece absurdo, mas ao acordar e pensar no sonho, é quase natural que o sonhador seja tomado por fascinação, estranhamento ou indiferença. Essas reações só são possíveis porque se reconhece que há uma linguagem própria e porque alguma sensação aquilo causou, ainda que em sonho. Em um sonho, nada que é sonhado é real, mas sensações como o medo ou alegria experimentados são completamente reais.
      Há muitos artistas que buscam a expressão do sonho em suas obras, mas há uma diferença entre a representação do sonho como forma e a representação do sonho como linguagem. A representação como forma pressupõe uma abstração maior, um estranhamento causado no espectador pela pouca familiaridade com as formas. Possui seus significados ocultos ou maiores, porém são plasticamente desfigurados e baseia suas características de “sonho” na figuratividade e no simbolismo.
      A representação pela linguagem também causa um estranhamento, mas as formas não necessariamente são abstratas ou completamente estranhas. Podem ser ambientes igualmente familiares ou conhecidos para os espectadores, mas a sensação de desconforto é constante. Assim são os filmes do diretor David Lynch. A linguagem se estabelece e quem assiste e se permite entrar em seus filmes, geralmente é recompensado com uma narrativa elaborada, intrincada e com uma aura constante de mistério, gerado por fatores que não são sempre fáceis de discernir.
      David Lynch usa a linguagem do sonho em seus filmes, mas qual é o processo que ele utiliza para construir seus filmes e elaborar essa narrativa? O processo criativo de um ser humano é pessoal e subjetivo, mas é possível perceber características comuns em todas as obras já produzidas e, assim, se estabelece uma referência de possibilidades que são aplicáveis ao processo de criação daquela pessoa, especificamente.
      Não há a pretensão de analisar profundamente cada obra do diretor nem, sequer, ser mais psicanalíticos e freudianos do que o necessário para compreender cada ponto apresentado, pois os argumentos de Freud e suas teorias a respeito da ciência do sonho serão utilizados como referência para argumentação. Nessa pesquisa, procuramos compreender e apresentar o processo criativo de David Lynch, através de um método quase construtivista. É nosso desejo que você chegue ao capítulo final dessa pesquisa, a conclusão, possuindo as mesmas e tantas outras conclusões sobre o assunto. As possibilidades são inúmeras e, assim como um sonho pode ser interpretado de inúmeras maneiras, dependendo do seu referencial, mostraremos alguns referenciais que, como fragmentos, irão compor uma unidade maior que corresponderá à nossa interpretação do processo criativo de David Lynch.